Papo de Mulher

-Envolvimento.
-Exigência?
-Não creio. Apenas condição imprescindível.
-As mulheres são exigentes!
-Não, as mulheres são emotivas. Quero e sou capaz de viver a vida na sua forma mais profunda. Por que me contentar com a superfície? Não tenho só pele, apesar de cuidar bem dela. Sei viver o meu corpo todo. O visível e o invisível. “O cérebro e o coração”, os olhos, o prazer indescritível da carne e o sublime prazer de sentir-se querida. Não apenas desejada, mas querida: por inteiro.
Neste aspecto, sou um ser indivisível, carne e espírito. Talvez isto seja contraditório à totalidade das filosofias religiosas. Mas é assim que sinto. Não consigo separar o que eu quero do que eu faço. Este é o ápice da minha pirâmide. Luto sempre pelo direito de me possuir e dispor de mim como me der prazer. E se para “sentir’’ prazer, não posso separar minhas faculdades intelectuais do corpo, passa a ser condição essencial o envolvimento emocional.
Envolvimento não é, entretanto, igual a compromisso.
Mas é igual a seriedade comigo mesma, com o outro. É o sonho sem o qual não conservamos intacta a sanidade mental. É o motivo. Motivos existem ou deixam de existir. As forças que separam têm a mesma intensidade das forças que unem. Entre um homem e uma mulher, não funciona uma força unilateral. É preciso querer atrair e querer ser atraído, para uma ligação dar resultados positivos. Se pensar em apenas atrair, corre o risco do choque ser tão violento que lhe desequilibre. Se apenas se deixar ser atraída, corre o risco de perder sua individualidade.
‘’ É sempre mais seguro abrir a porta ao visitante, do que deixar que ele chegue sozinho ao último aposento. “
E é neste abrir a porta e conduzir o visitante, que se esclarecem os motivos e a intenção da visita.